quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

... e não passei

          

Se eu fosse resumir o que estou sentindo em uma palavra, acho que frustração seria a mais correta. Depois de dedicar um ano inteiramente aos estudos, hoje o meu sonho de começar o ano de 2014 na Usp ou na Unicamp caiu por terra. É nesse momento que a gente se questiona: O que eu fiz de errado? Eu estudei, porra! Não na intensidade necessária, talvez? E como vou falar isso pros meus pais (principalmente mamis), que me apoiou de todas a formas possíveis e sempre acreditou muito em mim? O QUE EU VOU FAZER DA MINHA VIDA? Sei que ninguém tá lendo isso, mas vou registrar meu drama pessoal porque sim.
           Concluí em 2012 o ensino médio em uma escola considerada uma das melhores públicas da cidade, só que não. Eu sempre fui a chamada "nerd" da sala,  considerada muito dedicada pela maioria dos professores; porém eu só fazia a minha parte. Na minha cabeça o que eu precisava era só assistir as aulas, estudar um pouco e fazer a prova para atingir uma pontuação alta e "passar de ano". Só.  A coisa só piorou no terceiro ano, quando passei a fazer o ensino médio de manhã e um curso do SENAI à tarde. Chegava cansada em casa e só queria ficar relaxada... Logo levei o terceiro ano pouquíssimo à sério, estudando pouquíssimo para atingir os 50 pontos necessários para ser aprovada. (Inclusive o meu primeiro zero em uma prova inclusive foi neste ano, na última prova de física!)
          Eu meio que sabia que não ia passar em nenhuma boa faculdade direto, por "culpa da escola" e seu ensino deficiente: Para se ter uma ideia, no ensino médio não tive aula de Física no segundo ano e de Geografia e Inglês no terceiro. Meus professores eram em sua maioria desmotivados e nunca víamos a matéria necessária para os exames que enfrentaríamos. Era a personificação daquela tradicional frase: "Os professores fingem que ensinam e os alunos fingem que aprendem". Pois é. Em  2012, como não estava empenhada no vestibular, estava nos meus planos fazer só o ENEM a fim de ver se evoluí na prova... E aí veio a ideia de prestar a fuvest; me inscrevi pra química só por inscrever mesmo. Para falar a verdade, acho que fui mais pra conhecer São Paulo do que por outra coisa, hahaha. Deu uma série de rolos com o transporte e tal, mas no fim eu e alguns amigos fomos sozinhos pra SP, munidos de mapa do google fazer o bendito vestibular.
          Ouvi a história de muita gente que estava tentando uma vaga pela 3°, 4° vez, gente mil vezes mais preparada do que eu. Isso nem me afetou muito, porque só ia testar como eu estava mesmo... Fiz a prova (chutei quase tudo de Física, claro) e saí de lá achando que não ia pra segunda fase de maneira alguma. Cheguei em casa e para minha surpresa fiz 48 pontos! Tá certo que o total de questões eram 90, mas é um ótimo resultado para uma pessoa tão despreparada quanto eu. A nota de corte do ano anterior era de 50, e eu não sabia que os benefícios do INCLUSUP funcionavam também na primeira fase. Desencanei, curti minha formatura e logo depois comecei a trabalhar em uma loja. No meio da correria do natal, me deparo com uma notícia mais que inesperada: Passei pra segunda fase! Conversei com os meus pais, e eles me aconselharam a ir fazer prova, que serviria de experiência. Quem sabe eu passaria?
            Como eu estava trabalhando, eu não podia simplesmente chegar na dona de loja e falar que eu queria sair logo depois de ter começado: Ela é conhecida da minha mãe, e já contava comigo. Deixei passar o natal e um pouco depois, no dia 28 dezembro, pedi para sair. Só tinha uma semana para aprender o que não vi em mais de 8 anos! Esta semana acabou sendo um desperdício total, acabei ficando mais perdida e desmotivada ainda. Mas nada comparado ao momento da prova.
             Aquilo foi a maior humilhação da minha vida em quesito escolar, sério. O primeiro dia não foi tão mal, mas o segundo e o terceiro... Fui obrigada a deixar inúmeras questões vazias, algo que eu NUNCA tinha feito na escola. Eu simplesmente não sabia por onde começar! É claro que não fui convocada para fazer a matrícula, mas a sementinha fdp da esperança já tinha se infiltrado em mim. Eu pensava: Se sem estudar eu consegui chegar aqui, imagina se eu estudar o ano que vem? Vou procurar um bom cursinho e tudo vai dar certo, yay!
             Logo comecei a procurar cursinhos, e me deparei com preços dignos de faculdade. Mesmo com concurso de bolsas, o desconto ainda não era suficiente para que a mensalidade coubesse no bolso dos meus pais (fiquei muito revoltada com o exame de bolsas da Unidade Alfa, por razões que eu talvez cite mais tarde). A única alternativa foi um cursinho conhecido como fraco na cidade, mas era melhor do que nada. Me matriculei de manhã, enquanto cursava um curso técnico em Química à noite. Olhando bem agora, acho que ter entrado no Instituto Federal foi a decisão mais certa que eu deveria ter tomado. me aprofundei mais na química e vi que é o que quero pra mim <3 Bastando todo o sofrimento do vestibular, pelo menos não tive o sofrimento da indecisão na escolha profissão (ou quase).
              O curso pré-vestibular foi um desapontamento. Pensei que a fama de fraco seria devido a falta de compromisso dos alunos, que saíam difamando a escola. Mas realmente, o ambiente que a escola criava não era propício a aprendizado nenhum. Tínhamos aulas junto com o pessoal do terceiro ano, o que seria legal se o pessoal fosse pelo menos um pouco amadurecido. Sabe aqueles filhinhos de papai que não se "adaptaram" nas melhores escolas e os pais só queriam que eles fossem aprovados logo? Então. A conversa e gracinhas constantes desmotivavam a maioria dos professores, alguns excelentes, e afetavam na concentração de quem queria aprender. Uma grande parte do pessoal do pré-vestibular também estava pouco se lixando. 
             No decorrer do ano, a única coisa que eu fazia era estudar: Quando relaxava, logo pensava que deveria estar estudando. Não conversava com quase ninguém do cursinho e também não cultivei muitas amizades no técnico: nas horas vagas eu pegava algum livro de exercício ou revista de atualidades pra ler. Me afastei de alguns amigos do ensino médio e estreitei vínculos com outros que estavam na mesma situação que eu. Minha melhor amiga, que estava no cursinho comigo, conseguiu bolsa em uma faculdade em São Paulo e foi embora, o que me fez questionar até onde eu iria atrás dos meus objetivos. Fiquei feliz por ela tenha conseguido o que ela queria, mas tinha medo que nós acabássemos perdendo o contato, porém não deixamos que a distância agisse. Ainda sou obrigada a ler os draminhas dela todo o dia no facebook. (se ler isso, te ano Bia!)
             Quando chegou o período de inscrições dos vestibulares, mais uma dúvida me assombrava: Química ou Engenharia Química? Engenharia Química era uma carreira tradicional ($$$$) e muito concorrida, enquanto química era mais sossegado em questões de pontuação. Como eu estava me dedicando totalmente, resolvi prestar para EQ em todos os vestibulares que eu fiz, o que acabou sendo um erro.
              O tempo foi passando, e chegou o Enem. Na hora da prova fiquei muito nervosa, of course, e como resultado fiz 120 pontos e uma redação que não tinha todo o meu potencial. Eu pensei que podia mais, mas no final nem fiquei decepcionada. Afinal, Fuvest e Unicamp vinham aí. E chegou: nas duas provas, o nervosismo atrapalhou bastante. As redações da Unicamp e as questões de exatas da Fuvest gelaram minha espinha (ok, isso é drama). No final o resultado também me frustrou: 66,6% na unicamp, sem contar as redações, e 52 questões na fuvest (eu precisava de 60). Eu tive um desempenho relativamente melhor que no ano anterior, mas continuei mediana. Eu precisaria de mais pontos para superar a grande concorrência do pessoal riquinho "que vai fazer intercâmbio na França ano que vem, mas meu francês anda meio enferrujado", e infelizmente não havia conseguido. Logo  me "apeguei" a unicamp. Tudo dependeria das redações, que não tinham ficado tão ruins, na minha opinião. Minha fé estava depositada no dia 20, data em que sairia o resultado.
              Hoje o bendito foi divulgado, me pegando de surpresa. Ver a frase "O candidato não foi convocado para a 2° fase" causou um turbilhão de pensamentos. Como assim? Estava errado, né? Eu só tremia, não conseguia nem falar. Segurei bem a onda o dia inteiro, mas quando fui comunicar a minha mãe eu simplesmente não consegui, desabei. Ela, que pagou o meu cursinho sozinha, me defendeu contra as acusações do estilo "ela não faz nada" do meu pai, que me apoiou tanto, sempre... Me senti sendo tão... incompetente, ingrata, burra, não sei explicar. Eu não conseguia nem olhar pro rosto dela, de tanta vergonha de mim mesma.
                E é isso. Termino o ano decepcionada, mas motivada a dar o meu melhor. Perdi quatro quilos, muitas horas de sono, algumas amizades, convivência com a minha família, mas sei que no final vai compensar. Não culpo nada ou ninguém por não ter conseguido, apenas a mim. Sou muito grata a alguns professores do meu cursinho, como o Bruno, que foi o responsável pela melhora da minha redação, o Rodrigo e a Aline, que me ensinaram física do zero, os meus professores do IF, que foram imprescindíveis no meu bom desempenho nas questões de química. Agradeço também as meninas que me acompanharam no cursinho e deixaram a trajetória um pouco mais leve, principalmente à Vanessa. Queria ter me aproximado mais delas, mas a pressão que eu mesma me impunha não permitia isso. Vários caminhos estão se abrindo na minha frente e estou pensando no melhor para que eu não desista do meu velho sonho de virar uma "cientista". Estou a espera de alguns resultados de outros vestibulares, mas realmente queria uma boa universidade pública, que conta muito na área científica.
                   Sei que vou ter que aguentar muitos "que pena, você não passou?", "ah, lá é muito difícil mesmo", "por que você não faz por aqui?" dos meus parentes e amigos, mas no final, vou aguentar e relevar tudo. Sabe aquela sementinha fdp chamada esperança que se instalou em mim? Na verdade, ela nunca foi embora.


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